Uma nova arma começa a ser utilizada no
combate à violência e conflitos nas escolas da rede municipal de
Quixadá. Por meio de parceria formada com o Ministério Público Estadual,
os órgãos de Segurança Pública e ainda as Secretarias de
Desenvolvimento Social e de Saúde, a Secretaria de Educação deste
Município acabam de formar o primeiro grupo de mediação escolar do
Centro do Estado. Psicólogos, assistentes sociais, policiais e
promotores de Justiça começaram a atuar em conjunto na solução das
ameaças e agressões no ambiente escolar.
Segundo a coordenadora
do núcleo de Desenvolvimento da Escola de Quixadá, a pedagoga Tereza de
Aquino, o objetivo é ir além dos muros das escolas. Na opinião da
especialista, a maior parte dos problemas começa dentro de casa. Os
alunos acabam levando para a sala de aula os traumas pessoais. Portanto,
há necessidade de trabalhar junto às famílias. Orientadas e
conscientizadas de suas responsabilidades e da necessidade da harmonia
no lar, as famílias podem contribuir para a redução dos índices de
violência tanto dentro como fora das escolas.
Um banco de dados está sendo criado. Até então, cada escola mantinha guardada a sua relação de ocorrências.
Além
dos profissionais de campo, os conselheiros tutelares da cidade farão
acompanhamento das mediações, coordenadas em conjunto com a Promotoria
de Justiça. Os casos começaram a ser agendados. Em breve, haverá a
primeira rodada de intervenção do grupo especial. Somente quando não
houver alternativa, o Juizado da Infância e da Juventude será solicitado
a atuar e aplicar as medidas legais.
A expectativa do diretor da
Escola Padre Vicente Gonçalves Albuquerque, professor João Batista de
Sousa, é de redução de até 80% de encaminhamentos ao Conselho Tutelar e à
Polícia. No ano passado, a escola registrou cerca de 30 casos de
violência física e ameaças. Outros 80 foram solucionados internamente.
Com a nova estratégia, várias mudanças estão sendo observadas. Uma delas
é a participação dos pais nos encontros escolares. A outra mudança é o
diálogo com os envolvidos, que está se tornando mais fácil.
Na
semana passada, foi realizado o I Encontro de Mediação Escolar. O local
escolhido foi a Escola Padre Vicente Gonçalves Albuquerque, no bairro do
Campo Velho, onde, no mês de fevereiro, um estudante de 15 anos baleou o
porteiro na entrada da unidade de ensino, atualmente em recuperação na
sua residência. A iniciativa teve por objetivo reunir alunos, pais e a
população com autoridades civis, militares e pedagógicas para
apresentar-lhes o novo modelo de resolução de conflitos no meio
estudantil: a mediação. A secretária municipal de Educação, professora
Fátima Pimentel, o promotor de Justiça Marcelo Maia Pires, o
subcomandante do Batalhão de Polícia Militar de Quixadá, major Humberto
Oliveira de Sousa, o comandante do Ronda do Quarteirão na cidade,
capitão Antonio George Vidal, representantes do Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (Creas), do Conselho Tutelar, do
Conselho da Criança e do Adolescente e membros do meio acadêmico
prestigiaram o lançamento dos grupos de mediação.
Participação
A
diretora da Escola José Bonifácio de Sousa, pedagoga Faustina Maria da
Silva, também participou do encontro. Ela achou a proposta muito
interessante. Pretende até criar o próprio grupo de mediação em sua
escola. Com a participação da equipe do Centro de Referência e
Assistência Social (Cras) do bairro Campo Novo, considerado um dos mais
problemáticos da cidade, estão surgindo denominadores na solução das
questões mais graves. Antes, as saídas amigáveis eram mais difíceis.
Quando não brigavam dentro da Escola, acabavam se esbofeteando do lado
de fora. "Pais e os alunos estão apreendendo a resolver diferenças
através do diálogo", acrescentou a pedagoga.
Ensino
71
escolas integram a rede municipal de ensino em Quixadá. As unidades
contam com 71 gestores, 521 professores e mais 14 mil estudantes
matriculados
Mais informações:
Secretaria de Educação de Quixadá
Rua Rui Barbosa, 469 - Centro
Telefone: (88) 3412.1966
Fonte: Diario do Nordeste