quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ciro diz que Lula ‘está errado’ e reafirma candidatura

Afastou, em termos peremptórios, a possibilidade de vir a se envolver na refrega eleitoral São Paulo.

“Lula está errado ao querer que eu seja candidato a governador de São Paulo”.

Acha que sua exclusão do xadrez presidencial imporia a Dilma o risco de levar um xeque-mate do rival tucano José Serra já no primeiro turno.

Declarou que a retirada de sua candidatura ao Planalto só interessa a Serra. Daí a conclusão de que, nessa matéria, “o santo Lula está errado".

Inviabilizando-se como presidenciável, Ciro prefere "sair da vida pública” por um tempo: “Para mim, a política não é meio de vida".

Até quando vai esticar a corda? "Até onde puder, ou seja, outubro", o mês da eleição. Como que decidido a açoitar as dúvidas, Ciro foi às críticas.

Repetiu que a coligação que se forma ao redor de Dilma, escorada no PT e no PMDB, tem “moral frouxa”.

Como assim? Insinua que a aliança dos dois sócios majoritários da coligação governista traz um rastro de encrencas esperando para acontecer.

Nas palavras de Ciro: "Um roçado de escândalos semeado". Levou à roda o grão-petista José Dirceu, recém-reconduzido ao diretório nacional do PT.

Chamou de “golpista” a movimentação de Dirceu, espécie de costureiro informal do crochê partidário que o PT tenta tecer nos Estados.

Em São Paulo, Dirceu trabalha para acomodar Ciro nos calcanhares de Geraldo Alckmin, provável candidato do PSDB à sucessão de Serra.

Ciro contou que Dirceu o procurou. Em viagem à Europa, mandou dizer que estava “ocupado”. Com o quê? “Férias”.

De resto, Ciro disse que trabalhará para seduzir partidos que se disponham a formar com o seu PSB uma coligação.

Obsessivo, afirmou que só pensa na candidatura presidencial –“24 horas por dia”, segundo disse.

Em Fortaleza, o governador cearense Cid Gomes (PSB) ecoou Ciro. Disse que seu irmão vai mesmo às urnas como presidenciável.

Deu a entender que, a despeito das pressões, o PSB está fechado com Ciro. Tanto que o levará à vitrine em propaganda partidária prestes a ser exibida na TV.

“O programa é muito direcionado para fortalecer a sua posição como pré-candidato”, afirmou Cid.

Escrito por Josias de Souza às 04h57

Governo faz terrorismo eleitoral com o Bolsa Família

Documento oficial do governo Lula faz uma ameaça velada aos cerca de 50 milhões de brasileiros que recebem o dinheiro do Bolsa Família mensalmente: o próximo presidente da República pode alterar as regras e o prazo de validade do benefício pode ser alterado.

A informação faz parte de uma reportagem de Catarina Alencastro, no Globo de hoje. “Um texto editado pelo Ministério do Desenvolvimento Social para orientar o recadastramento de beneficiários do Bolsa Família afirma que o gestor que assumir o comando do programa federal no próximo governo poderá alterar suas regras”, diz o jornal.

O Bolsa Família chega a cerca de 12,5 milhões de famílias. Estima-se que quase 50 milhões de pessoas são beneficiadas. Os valores pagos variam de 20 a 200 reais por mês, dependendo do número de filhos de cada família.

O alerta (ou ameaça) do governo sobre mudança de regras faz parte da instrução operacional número 34, editada no dia 23 de dezembro do ano passado. Essa instrução será repassada aos prefeitos, responsáveis pela atualização dos dados do cadastro do Bolsa Família.

Diz a reportagem que “o documento explica que a validade do benefício está garantida por três anos para quem já atualizou seus dados em 2008 e 2009. Embora não esteja expresso, o texto dá a entender que o mesmo deve valer para quem se recadastrar em 2010. Mas, segundo a advertência do ministério, a partir de 2011, o prazo de validade do benefício não está garantido”.

Segundo a instrução operacional, hoje a validade do benefício “depende do ano em que houve a última atualização cadastral”. “Cadastros atualizados em 2008 terão a validade do benefício firmada em 31/10/2011; cadastros atualizados em 2009, 31/10/2012. Para os anos de 2011 e 2012, no entanto, a fixação da data de validade do benefício estará sujeita a alterações segundo novas diretrizes que sejam estabelecidas pela nova administração que assumir o Bolsa Família em janeiro de 2011”, diz o texto.

Por Fernando Rodrigues - UOL