domingo, 12 de julho de 2009

Crise financeira agrava situação do tráfico humano internacional, aponta relatório dos EUA

Mais pessoas estão desempregadas, mais pessoas estão sujeitas a situação de pobreza crônica, mais pessoas estão vulneráveis às promessas sedutoras de uma vida melhor em outro lugar - onde serão sequestradas, escravizadas e violadas. Esse é o funcionamento clássico da indústria do tráfico humano, que ganhou fôlego renovado com o agravamento da crise financeira mundial, segundo denuncia um recente relatório da chancelaria dos Estados Unidos.

"À medida que a crise financeira em curso desempenha crescente papel entre os migrantes do mundo - que frequentemente arriscam tudo pela magra esperança de um futuro melhor para suas famílias - também frequentemente são enganados por traficantes que exploram seu desespero", destaca a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, no relatório "Trafficking in Persons", publicado em junho.

Tais condições agravam o quadro global de fluxo migratório, cujas principais características e tendências são mostradas no infográfico abaixo, construído a partir de levantamentos feitos nos últimos dez anos.


O documento norte-americano aponta que a crise, além de aumentar a oferta de vítimas vulneráveis, também contribui do lado da demanda: cresce o número de empregadores interessados em garantir lucros a partir da exploração desumana de trabalhador migrante, e mais pessoas são empurradas para colaborar com redes de prostituição e tráfico de órgãos.

US$ 3 por 2.000 tijolos

Waleed trabalhava no forno de uma olaria até ser libertado, em 1997, após uma decisão em que a Justiça do Paquistão considerou suas condições de trabalho ilegais. Em liberdade, Waleed não encontrou meios para sustentar sua mulher e cinco filhos. Dez anos depois, ele voltou a trabalhar na olaria. Toda a família junta fazia em média 2.000 tijolos por dia, e recebiam US$ 3 em troca. Para pagar as despesas diárias, Waleed toma empréstimos com os proprietários da olaria e acumula uma dívida que não pode ser paga com o seu salário.

"Trafficking in Persons", 2009

Uma prova desse contexto de vulnerabilidade global foi o alerta inédito feito pelo governo chinês em abril deste ano, advertindo a seus cidadãos a não migrarem para a Europa em busca de trabalho, uma vez que a crise econômica aumentava o perigo da exploração de todos os tipos. Nos Emirados Árabes Unidos, a imprensa informou que as denúncias de imigrantes reclamando por falta de pagamento aumentou 111% entre 2007 e 2008.

O combate ao tráfico humano, no entanto, é uma tarefa que passa por diversos complicadores. Por um lado, é uma atividade que movimenta muito dinheiro, com um lucro anual global estimado em mais de US$ 31 bilhões, e que conta com uma rede de corrupção entre funcionários estatais. Ao mesmo, atinge com mais força as fatias menos protegias da sociedade e conta com a conivência silenciosa do preconceito.

"Temos uma sociedade machista, adultocêntrica e preconceituosa. O tráfico de pessoas é objeto de preconceito porque atinge mulheres, negros, pobres, crianças, e a população segregada socialmente", afirma Thaís Dumet, coordenadora do projeto de Combate ao Tráfico de Pessoas da OIT. Esse argumento se reflete nos números: mais de 80% das vítimas de tráfico humano são mulheres; 33% são mulheres destinadas à exploração sexual.

Sequestrado pela milícia

Lucien estava na escola no Congo quando milicianos de outra etnia o sequestraram junto com mais outros 11 garotos. Os soldados os levaram para um acampamento e os colocaram em um buraco no chão. Aqueles que tentavam resistir eram espancados. Lucien foi esfaqueado no estômago e amarrado até aceitar as condições impostas e começar a participar da milícia, inclusive enterrando corpos de soldados rivais. Muitos morreram de fome ou em razão de doenças. O garoto conseguiu escapar e hoje mora com uma família adotiva.

"Trafficking in Persons", 2009

Outro entrave apontado pelos especialistas é a falta de uma base de dados confiável e abrangente.

"Está muito claro que ter um banco de dados é uma necessidade premente. Todos que estão na luta contra o tráfico de pessoas são unânimes em dizer isso. É necessário unificar as informações do poder público, órgãos internacionais e entidades da sociedade civil que atuam nessa área. As informações muitas vezes não são as mesmas porque as fontes são diferentes", afirma Adriana Maia, assistente do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc, em inglês).

Embora as tendências gerais sejam identificáveis, como mostra o gráfico acima, os números levantados nesse setor são sempre divergentes e não dão conta de todas as variáveis de uma indústria sempre à procura de novas brechas. "As rotas mudam muito", explica Maia. "O crime organizado é muito criativo e se renova".

Guilherme Balza e Thiago Scarelli
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Brasil Ecodiesel fecha em Crateús

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A usina de biodiesel tinha capacidade instalada de produção de 10 milhões de litros de óleo por mês, ou 118 milhões de litros/ano (Foto: Thiago Gaspar)

A usina foi inaugurada em janeiro de 2007 pelo presidente Lula, mas já estava há seis meses com atividades paralisadas

Envolta em problemas de ordem ambientais, financeiros e com dificuldades de aquisição de oleaginosas — mamona, dendê, óleo de soja — e com atividades paralisadas há seis meses, a unidade de produção de biodiesel, da Brasil Ecodiesel, em Crateús, no sertão central cearense, fechou às portas esta semana. Anunciada na tarde de ontem, na Assembléia Legislativa do Ceará, pelo deputado Federal Hermínio Resende (PSL), a informação foi confirmada à noite, pelo prefeito do município de Crateús, Carlos Felipe Saraiva Bezerra.

Inaugurada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em 31 de janeiro de 2007, a usina já iniciou as operações com dificuldades de aquisição de matéria-prima para produzir o combustível vegetal. Ancorada no programa federal de desenvolvimento do biodiesel, à base de mamona, a empresa foi inaugurada com apenas 20 mil toneladas de mamona em estoque, volume suficiente para produzir oito milhões de litros de biodiesel em um mês. A usina de Crateús foi inaugurada com capacidade instalada de produção de 10 milhões de litros de óleo por mês, ou 118 milhões de litros/ano.

Entretanto, os problemas começaram antes mesmo de abrir as portas, quando foi acusada por pequenos agricultores da região de não honrar compromissos relativos ao pagamento do preço mínimo do quilo da baga de mamona.

Contestada a informação, a usina chegou a produzir até 400 mil litros de biodiesel por dia, mas a partir de óleo de soja e de dendê, adquiridos no Piauí e na Bahia. Chegou a empregar até 520 funcionários, sendo 90% de moradores de Crateús, mas nunca produziu mais que 10% de óleo verde, com mamona extraída da região, onde o programa de produção da mamona até hoje não ´vingou´.

Ambiental e financeiro

Segundo o prefeito Carlos Felipe, a usina vinha sendo acusada também de poluir o rio Poti, considerado a quarta maior bacia hídrica do Ceará, responsável pelo abastecimento de água de vários municípios na região. ´Sempre que a empresa funcionava, ocorriam problemas de poluição do rio´, relembra o prefeito.

Além de problemas na produção e de ordem ambiental, Carlos Felipe conta que, apesar dos subsídios recebidos pelo governo, a unidade da Brasil Ecodiesel de Crateús vinha a tempos enfrentando problemas financeiros, agravados recentemente com a queda do valor das ações da empresa na Bolsa de Valores. Em novembro de 2006, a empresa havia lançado no mercado pouco mais de 31,5 milhões de ações, ao preço de R$ 12,00, por ação.

´O que quebrou a Brasil Ecodiesel aqui foi a queda da Bolsa de Valores. Quando iniciou as operações com bancos, as ações valiam R$ 12,00, e hoje, valem apenas R$ 0,80´, opina o secretário municipal de governo de Crateús, Elder Leitão.

Mesmo sem apontar o motivo exato do fechamento da usina, o presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, também avalia que o problema foi financeiro. ´Não sei se foi por causada concorrência da usina (de biodiesel) da Petrobras, em Quixadá. Para mim, o motivo foi prejuízo. Nenhuma empresa fecha se estiver dando lucro´, opinou Pimenta.

Diante do fechamento da usina, o prefeito Carlos Felipe disse que irá procurar o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece) Antônio Balhmann e o diretor da Brasil Ecodiesel, Ricardo Alonso, para uma conversa na próxima semana. Segundo o prefeito, a solução seria a transferência da usina para outra área, 10 Km distante das margens do rio Poti.

Para tanto, ele disse que irá pedir ao governo do Estado a construção de uma adutora e de uma rede elétrica trifásica, como forma de estimular o interesse de algum outro grupo econômico a adquirir a usina. ´Nosso sonho é que a Petrobras encampe´, exclamou.

A reportagem ligou para os telefones da empresa, em Fortaleza, mão ninguém atendeu. Também procurou ouvir Antônio Balhmann, mas os dois celulares estavam em caixa postal e não houve retorno.

Diario do Nordeste

Carlos Eugênio
Repórter

Mais uma mulher é morta no Interior

Ibaretama. A Polícia está à procura de dois homens acusados de participar do assassinato da agricultora Francisca Alves de Lima, 18, na noite da última sexta-feira (10), na Fazenda Boa Vista, no distrito de Rampa, neste Município (distante 136Km de Fortaleza). Com mais esse caso, aumenta para 66 o número de mulheres assassinadas somente este ano no Estado do Ceará.

Mais uma vez, o acusado de ser o autor do homicídio foi o ex-companheiro da vítima, identificado apenas como Fabiano. Segundo a Polícia, inconformado com a separação do casal, ele matou a tiros a agricultora na presença da mãe dela e fugiu de motocicleta com um comparsa, que também está sendo procurado.

A dupla fugiu para a localidade de São João dos Queiroz, em Quixadá, mas acabou localizada pela PM. Mesmo assim, durante o cerco policial na área, os dois conseguiram fugir para um matagal. As buscas continuam sendo feitas pela polícias Militar e Civil de Quixadá e de municípios vizinhos.

Conforme o relato da mãe da vítima à Polícia, a garota morava desde os 14 anos de idade com o acusado. Há três dias, ela resolveu sair de casa, por não aceitar mais conviver com as crises de ciúmes do companheiro. De acordo com Maria Augusta de Lima, na noite de sexta-feira, Fabiano chegou em sua casa e pediu para conversar com a filha. Apesar da negativa, ele forçou a entrada na casa e se dirigiu ao quarto da filha dela.

Após alguns minutos da chegada de Fabiano, a dona-de-casa ouviu o barulho de um tiro. Ao correr em direção ao quarto onde o casal estava, presenciou o acusado efetuar mais um tiro em sua filha e fugir na garupa de uma moto com um homem identificado como ‘Vandinho’. O crime revoltou os moradores daquela localidade da zona rural de Ibaretama.

Cinco homicídios a bala foram registrados na Grande Fortaleza entre a noite de sexta-feira e a madrugada de ontem. pela Coordenadoria de Medicina Legal (CML).

De acordo com os registros policiais da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) e da CML, a primeira vítima de assassinato foi o desempregado Francisco Nunes de Lima, 57. Ele foi executado com tiros na cabeça, na Rua Martins Sales, na Vila União, por um homem identificado como ‘Pacheco’.

Em Maranguape, na RMF, Wesley Pereira Ribeiro, 22, foi executado a bala, na Avenida Senador Almir Pinto. A vítima ainda foi levada para o hospital, mas não resistiu e morreu. Também na Região Metropolitana, outros dois casos. O primeiro ocorreu na zona rural de São Gonçalo do Amarante. Lá, o menino Lucas dos Santos Rodrigues, 9, morreu depois que a espingarda ‘socadeira’ que manipulava caiu e disparou, atingindo-o no peito.

Na localidade de Lagoa das Canas, em Aquiraz, Natiel Ramos Bernardo, 20, foi assassinado com vários tiros todos na cabeça. Os acusados fugiram em uma moto branca.

No fim da noite de sexta-feira, Francisco Hélder da Silva Nascimento foi executado na Rua José Abílio, na Granja Portugal. Novamente, os acusados eram homens que estavam em motocicletas. Eles fugiram logo após cometer o crime.
Fonte: Diario do Nordeste