
Crateús/
Quixadá Autoridades do Estado e dos Municípios mobilizam-se com ações
contra a seca que afeta regiões do Estado, especialmente Sertão Central e
Inhamuns. A Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece) declarou que
empreende ações imediatas em parceria com a Defesa Civil a fim de
atender aos Municípios de forma mais ágil, em caso de situação de
emergência. Além disso, a entidade reivindica a liberação de recursos
junto ao Governo Federal para socorrer os Municípios em situações de
emergência. Outra ação, ainda bem antes da consolidação da quadra
invernosa, foi incentivar os Municípios na adesão ao Garantia Safra.
O
Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário
(SDA), estará, na tarde de amanhã, no Parque de Exposições em Fortaleza,
reunido com representantes de várias entidades ligadas ao setor
agropecuário para avaliar o quadro atual. "Iremos discutir a gravidade
da situação atual que enfrentamos e destacaremos os encaminhamentos para
ser entregue ao governador e daí as providências serão tomadas", frisa o
titular da pasta, Nelson Martins.
Ele acrescenta ainda que
antecipou ações no sentido de auxílio à agricultura, junto com os demais
secretários de agricultura do País, em um encontro em Brasília no
início do mês, quando foi apresentada uma série de reivindicações contra
a estiagem no Nordeste.
Segundo Martins, diante do agravo da situação, foi reivindicada a antecipação do
pagamento do Garantia Safra aos 240 mil produtores cadastrados no Estado e a comercialização do milho a um preço mais baixo.
A
Prefeitura de Tauá se prepara para decretar estado de emergência,
segundo o prefeito Odilon Aguiar. A sua equipe trabalha no levantamento
da situação de estiagem que assola o Município. "A situação é
calamitosa. Apesar de termos uma boa estrutura relativa aos sistemas de
abastecimento de água, o problema é grave com a grande perda da lavoura e
a falta de água para o consumo humano e dos animais. Estamos avaliando a
situação que aponta para calamidade", explica o prefeito. Outra ação
empreendida pela gestão municipal diante do quadro de estiagem é o
aumento no número de carros-pipa, algo que já foi solicitado pela
Prefeitura com vistas a fornecer água para o consumo humano,
especialmente na zona rural.
O prefeito de Crateús, Carlos Felipe
Saraiva, reuniu-se com técnicos da área agrícola da gestão e
representantes de entidades com atuação no setor nessa semana, com a
finalidade de avaliar a situação no Município. "A realidade é
preocupante diante da perda da safra e da falta de água. Um das saídas é
expandir a ação dos carros-pipa, e para o homem do campo cadastrado no
Pronaf é o refinanciamento a médio e longo prazo. Pretendemos também
apoiar o agricultor no ensilamento, já que não teremos pasto para os
animais", destaca Felipe.
Jeová Mota, prefeito de Tamboril,
também está preocupado com os efeitos da estiagem no Município. Além da
lavoura, a falta de água preocupa o gestor. Pode haver colapso de água
em distritos. "A perda da safra aqui é acima de 50%, ainda temos
esperança de chuva, mas já estamos buscando apoio junto ao Governo do
Estado. Esperaremos até o final deste mês, mas, se o quadro continuar,
procederemos com as medidas emergenciais", afirma Jeová Mota.
O
prefeito de Quixeramobim, Edmilson Júnior, aguarda com expectativa as
deliberações do Governo Federal, por meio do Ministério da Integração,
Defesa Civil e outros órgãos de amparo ao morador e produtor rural. Ele
também considera como fundamental o apoio da Conab nesse momento de
crise, em especial ao seu Município, diferenciado dos demais em razão do
plantel bovino, por conta da linhagem.
Sem a interferência do
órgão regulador na majoração do preço da ração, as perdas podem gerar
problemas para o setor leiteiro por anos. A outra saída está nos
projetos de irrigação, acrescenta o gestor municipal. Poderão garantir a
subsistência humana rural e também a manutenção dos rebanhos. Resta
apenas o Governo liberar verbas.
Em Madalena, a sede
administrativa continua ocupada por agricultores. O prefeito Wilson de
Pinho vai decretar estado de emergência e já se encontra em Brasília,
procurando sensibilizar e agilizar a avaliação do órgão federal. Para
ele, sem a assistência do Estado e União não há como amparar o homem do
campo nesta seca.
Chuvas atingem apenas 25% da média
O
agricultor no Ceará deve continuar com esperança de que as
precipitações pluviométricas aumentem nos próximos dias. Segundo a
Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), a tendência é que as chuvas
voltem com mais intensidade do que o mês de março na segunda quinzena
de abril. Mesmo assim, algumas regiões continuarão com as precipitações
abaixo da média histórica.
O órgão informa que até agora só
choveu 25% do que estava previsto no mês de abril. "As justificativas
para a falta de chuvas são a ocorrência de um fenômeno de tempo chamado
"cavado em altos níveis", que impede que a zona de convergência fique
sobre o Estado, inibindo as chuvas e a oscilação 3060, onda de alta
pressão atmosférica que impede a aproximação da zona de convergência",
explica a meteorologista do órgão, Gabriela Lameu.
Transformar o
Ceará em uma imensa "tábua de pirulito", com perfurações de poços. Essa é
a opinião do presidente da Comissão de Agropecuária da Assembleia
Legislativa do Ceará, deputado Hermínio Resende, para solução da seca no
Estado.
Na opinião do parlamentar, a solução está na perfuração
de poços profundos por todo o Estado. Ele se coloca contrário à
construção e distribuição de cisternas, quer seja de placa ou qualquer
outro modelo de armazenamento de pequeno porte como política de
convivência com o fenômeno climatológico da escassez de chuvas.
Avalia
que os reservatórios não enchem se não houver água, ainda mais se for
de enxurrada. "A dependência aos órgãos governamentais sempre vai
existir. É praticamente impossível prever a natureza, apesar do esforço
dos institutos de meteorologia. A água mais certa não vem de cima, vem
debaixo da terra".
Acerca do setor produtivo, Resende cita o
projeto Pingo D´água, criado em Quixeramobim, como alternativa
sustentável para o semiárido. No caso dos rebanhos, ele diz que cabe à
Conab o fornecimento de milho para os animais. "O Governo Federal poderá
financiar a ração. É a maneira mais prática e econômica de evitar o
colapso do setor e a perda das matrizes". Ele lembra que: em setembro
está previsto o Ceará ser certificado como livre da febre aftosa com
vacinação, mas os produtores precisam sustentas seus rebanhos.
Fonte: Diario do Nordeste