domingo, 12 de julho de 2009

Brasil Ecodiesel fecha em Crateús

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A usina de biodiesel tinha capacidade instalada de produção de 10 milhões de litros de óleo por mês, ou 118 milhões de litros/ano (Foto: Thiago Gaspar)

A usina foi inaugurada em janeiro de 2007 pelo presidente Lula, mas já estava há seis meses com atividades paralisadas

Envolta em problemas de ordem ambientais, financeiros e com dificuldades de aquisição de oleaginosas — mamona, dendê, óleo de soja — e com atividades paralisadas há seis meses, a unidade de produção de biodiesel, da Brasil Ecodiesel, em Crateús, no sertão central cearense, fechou às portas esta semana. Anunciada na tarde de ontem, na Assembléia Legislativa do Ceará, pelo deputado Federal Hermínio Resende (PSL), a informação foi confirmada à noite, pelo prefeito do município de Crateús, Carlos Felipe Saraiva Bezerra.

Inaugurada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em 31 de janeiro de 2007, a usina já iniciou as operações com dificuldades de aquisição de matéria-prima para produzir o combustível vegetal. Ancorada no programa federal de desenvolvimento do biodiesel, à base de mamona, a empresa foi inaugurada com apenas 20 mil toneladas de mamona em estoque, volume suficiente para produzir oito milhões de litros de biodiesel em um mês. A usina de Crateús foi inaugurada com capacidade instalada de produção de 10 milhões de litros de óleo por mês, ou 118 milhões de litros/ano.

Entretanto, os problemas começaram antes mesmo de abrir as portas, quando foi acusada por pequenos agricultores da região de não honrar compromissos relativos ao pagamento do preço mínimo do quilo da baga de mamona.

Contestada a informação, a usina chegou a produzir até 400 mil litros de biodiesel por dia, mas a partir de óleo de soja e de dendê, adquiridos no Piauí e na Bahia. Chegou a empregar até 520 funcionários, sendo 90% de moradores de Crateús, mas nunca produziu mais que 10% de óleo verde, com mamona extraída da região, onde o programa de produção da mamona até hoje não ´vingou´.

Ambiental e financeiro

Segundo o prefeito Carlos Felipe, a usina vinha sendo acusada também de poluir o rio Poti, considerado a quarta maior bacia hídrica do Ceará, responsável pelo abastecimento de água de vários municípios na região. ´Sempre que a empresa funcionava, ocorriam problemas de poluição do rio´, relembra o prefeito.

Além de problemas na produção e de ordem ambiental, Carlos Felipe conta que, apesar dos subsídios recebidos pelo governo, a unidade da Brasil Ecodiesel de Crateús vinha a tempos enfrentando problemas financeiros, agravados recentemente com a queda do valor das ações da empresa na Bolsa de Valores. Em novembro de 2006, a empresa havia lançado no mercado pouco mais de 31,5 milhões de ações, ao preço de R$ 12,00, por ação.

´O que quebrou a Brasil Ecodiesel aqui foi a queda da Bolsa de Valores. Quando iniciou as operações com bancos, as ações valiam R$ 12,00, e hoje, valem apenas R$ 0,80´, opina o secretário municipal de governo de Crateús, Elder Leitão.

Mesmo sem apontar o motivo exato do fechamento da usina, o presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, também avalia que o problema foi financeiro. ´Não sei se foi por causada concorrência da usina (de biodiesel) da Petrobras, em Quixadá. Para mim, o motivo foi prejuízo. Nenhuma empresa fecha se estiver dando lucro´, opinou Pimenta.

Diante do fechamento da usina, o prefeito Carlos Felipe disse que irá procurar o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece) Antônio Balhmann e o diretor da Brasil Ecodiesel, Ricardo Alonso, para uma conversa na próxima semana. Segundo o prefeito, a solução seria a transferência da usina para outra área, 10 Km distante das margens do rio Poti.

Para tanto, ele disse que irá pedir ao governo do Estado a construção de uma adutora e de uma rede elétrica trifásica, como forma de estimular o interesse de algum outro grupo econômico a adquirir a usina. ´Nosso sonho é que a Petrobras encampe´, exclamou.

A reportagem ligou para os telefones da empresa, em Fortaleza, mão ninguém atendeu. Também procurou ouvir Antônio Balhmann, mas os dois celulares estavam em caixa postal e não houve retorno.

Diario do Nordeste

Carlos Eugênio
Repórter

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