sábado, 29 de maio de 2010

Ilário volta a defender rompimento com Cid Gomes

Ilário volta a defender rompimento com Cid Gomes
Queremos reciprocidade. O PT está dando mais do que recebe

O ex-deputado estadual, ex-prefeito de Quixadá e ex-presidente estadual do PT, Ilário Marques, defendeu, mais uma vez, a ruptura do partido com o PSB e principalmente com o governador Cid Gomes, caso os petistas não consigam, além da vice-governadoria, indicar José Pimentel para uma vaga do Senado.
No caso de rompimento, Ilário assegura que o PT tem nomes competitivos para disputar o Governo do Estado, citando, além dele próprio, Artur Bruno e mesmo José Pimentel.
O petista sustenta que Cid Gomes só foi eleito prefeito de Sobral e governador devido à força do PT no Estado. Agora, na avaliação de Ilário, chegou a hora de Cid retribuir o apoio.

O Estado – Qual é a situação do PT no contexto eleitoral?

Ilário Marques – O partido está à espera do governador Cid Gomes, que não está mais correspondendo às expectativas como era no passado. Quando o senhor Cid Gomes não era governador, ele considerava muito mais o PT. Agora que está no comando do Estado, está fazendo o partido passar a pão e água.

OE – O que o partido quer mesmo do governador Cid Gomes?

IM – Acima de tudo, respeito pelo tamanho do PT no Ceará e pelo que o partido representa junto à sociedade. O partido quer um tratamento político correto e preferência na aliança, como o PT tem manifestado preferência pelo hoje governador Cid Gomes. Queremos reciprocidade, porque o PT está dando mais do que recebe.

OE – O PT já tem a vice-governadoria garantida. O que mais quer o partido na chapa majoritária?

IM – Não temos ainda a vice-governadoria garantida, porque ela existe apenas na imprensa e na boca dos invejosos. O governador Cid Gomes nunca falou sobre o assunto com o PT, que continua em dúvida se vai ter ou não esse cargo. Até agora tudo está na estaca zero, e é exatamente a dúvida que maltrata.

OE – O que o PT quer além da vice-governadoria?

IM – O PT quer colocar na mesa as suas reivindicações, que são a vice-governadoria e uma das vagas do Senado. Isso, sem aliança com o PSDB, porque para esse partido não queremos nem olhar, quanto mais conviver no mesmo espaço. O PSDB quase enterra o Brasil e, por isso, o queremos à distância.

OE – A confirmação desses dois cargos deveria ser logo fornecida pelo governador Cid Gomes?

IM – O PT precisa cuidar da sua vida, porque a eleição está na porta, faltam apenas pouco mais de quatro meses. Queremos saber o que vamos fazer em outubro próximo e até agora não sabemos de nada. O que dá para se entender é que o governador Cid Gomes está querendo a nossa redução no Ceará.

OE – Isso quer dizer que o governador Cid Gomes demora a dar alegrias para os outros partidos?

IM – O governador Cid Gomes só faz isso porque os outros partidos se submetem a uma situação como essa, que é a de incerteza até o dia da convenção do partido dele. Infelizmente, pelo menos até agora, o PT está aceitando esse jogo que não é nada cômodo. Se eu fosse o presidente do partido, não aceitava isso [Luizianne Lins é a atual presidente estadual do PT].

OE – Se o governador Cid Gomes negar o que o PT reivindica, qual será a posição do partido?

IM – Eu, pessoalmente, defendo a ruptura do PT com o PSB e principalmente com o governador Cid Gomes. Não sei se a maioria no PT tem a percepção de que a ruptura é estratégica, acima de tudo, para o projeto político do partido no Ceará. Infelizmente, parece que estou pregando sozinho no deserto.

OE – No caso de ruptura, o PT tem estrutura e nomes para postular o Governo do Estado?

IM – Temos as duas coisas e ainda mais a população do nosso lado. Com relação à estrutura, nós temos o presidente Lula e agora a ex-ministra Dilma Rousseff que, sem dúvida, será eleita presidente da República. No tocante a nomes, tem o meu, o do próprio José Pimentel, da Rachel Marques, do Artur Bruno e muitos outros.

OE – Um desses petistas tem condição de derrubar o governador Cid Gomes, que tem aceitação acima de 60%?

IM – Qualquer nome do PT é competitivo, porque tem força política no Ceará. Essa força tem sido manifestada nas eleições, com Luizianne Lins tendo sido eleita prefeita de Fortaleza por duas vezes, com quatro deputados federais e três estaduais, além de José Pimentel que foi ministro da Previdência.

OE – No seu entender, o PT foi importante na vida política de Cid Gomes?

IM – É claro que foi e acredito que o governador tem consciência disso. Ele foi eleito duas vezes prefeito de Sobral com a força do PT. O senhor Cid Gomes, em 2006, dizia para todo mundo saber que só seria candidato ao Governo do Estado se fosse numa coligação com o PT.

OE – Quase todos os partidos estão do lado de Cid Gomes. O senhor acha que agora, para ser reeleito, o governador precisa tanto assim do PT?

IM – A pergunta tem mais sentido se for feita a ele. O homem subiu com o PT e resta saber se ele tem consciência disso. O PT, no meu entender, não deve se rebaixar muito, porque tem estrutura para andar com as duas próprias pernas. Vamos ver o que vai acontecer daqui para frente.

Tarcísio Colares
da Redação

FONTE: JORNAL O ESTADO

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