quinta-feira, 8 de julho de 2010

Baixo efetivo policial facilita assaltos a banco no Interior



Os constantes assaltos a bancos do Interior acontecem não por acaso. As quadrilhas agem sempre em cidades onde o efetivo policial é reduzido e, muitas vezes, não existe nem delegacia. Só nesse ano, foram dez ocorrências em localidades com esse perfil. O caso mais recente aconteceu na última terça-feira, 6, em Reriutaba, distante 290 quilômetros de Fortaleza.

Por lá, sete PMs precisam dar conta da segurança de 19.626 pessoas. A proporção é de um militar para cada grupo de 2.803 indivíduos - médio 11,5 vezes abaixo da recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade diz que o ideal é a relação “um para 250”, segundo a Universidade de São Paulo (USP).

Apesar de preocupante, a situação dessa cidade da Região Norte nem de longe se compara à de Pedra Branca. Com 42.055 habitantes, o lugar conta com apenas três policiais militares de efetivo próprio. Para cada PM, 14 mil indivíduos - índice 56 vezes inferior à meta da ONU. Em janeiro, esse município do Sertão Central, foi alvo de bandidos.
Em abril, Saboeiro também sofreu com a ação de assaltantes. Nas ocorrências do dia-a-dia, os 16.806 moradores pedem socorro a apenas três militares. Cada um cobre área correspondente a 5.602 pessoas. Vinte e duas vezes menos que a estimativa da Organização.

A escassez de tropa afeta também Monsenhor Tabosa, cenário de um assalto a banco semana passada. São somente seis PMs para uma população de 17.117. Em Banabuiú, com agência bancária assaltada em janeiro, e Piquet Carneiro, com registro idêntico em junho, a proporção é de um policial para cerca de 2.800 moradores.

Senador Pompeu e Nova Russas detêm melhores taxas dessa relação: um policial para 1.179 pessoas e um PM para cada 592 indivíduos, respectivamente. O POVO não teve acesso aos dados dos destacamentos de Orós e Palhano, municípios que fecham o rol dos que registraram ocorrências em bancos.

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Roberto Monteiro, admite a fragilidade do sistema. Contudo, cita a incorporação de 1.700 homens recém-saídos do curso de formação. “Vai melhorar bastante a situação do Interior”, prevê.

Já o comandante de Policiamento do Interior, coronel Milton Freire de Andrade, aposta na entrega de 300 novas viaturas prometidas pelo Governo do Estado. “Quando se trata de uma grande diligência ou de uma perseguição, por exemplo, nós somamos esforços com outros destacamentos. Mas, para os trabalhos de rotina, os homens são mesmo poucos”, assentiu.

O PERFIL DAS CIDADES QUE TIVERAM BANCOS ASSALTADOS ESTE ANO NO CEARÁ

>Piquet Carneiro: 15.499 habitantes e sete PMs. Sem Delegacia Civil. Cada policial responde por 2.142 pessoas.

>Banabuiú: 18.196 habitantes e oito PMs. Sem Delegacia Civil. Cada policial cobre 2.274 indivíduos.

>Pedra Branca: 42.055 habitantes e três PMs. Não dispõe de Delegacia Civil. Cada PM resguarda 14 mil pessoas.

> S. Pompeu: 25.069 habitantes e 57 policiais, mas também responde por Milhã, Solonópole e Deputado Irapuan Pinheiro. Conta com Delegacia Civil. Cada PM equivale a 1.179 pessoas.

>Saboeiro: 16 .806 habitantes e três PMs. Sem Delegacia Civil. Um policial para cada 5.602 pessoas.

>Nova Russas: 31.770 habitantes e 57 PMs. Tem Delegacia Civil. Cada PM resguarda 592 pessoas.

>Mons. Tabosa: 17.117 habitantes e seis PMs. Sem Delegacia Civil. Um policial para cada 2.852 moradores.

>Reriutaba: 19.6262 habitantes e sete PMs. Sem Delegacia Civil. Cada PM cobre 2.803 pessoas.

Fonte: O Povo online

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